Avó Márcia, que realizou o parto, posa ao lado da nova neta
Os últimos meses do ano costumam carregar um momento próprio, aqueles que antecedem a virada. As ruas ganham pressa, as casas ganham luzes, e as pessoas, mesmo sem perceber, caminham com uma mistura de saudade e expectativa, por diversos motivos.
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Foi nesse cenário, de novos ares, quando a cidade começa a respirar despedidas e recomeços, que a família de Márcia Dutra, 48 anos, sua filha, Márcia Isadora, 23, e de Antonio Buss, 30, todos santa-marienses, viveu um dos instantes mais intensos de suas vidas: o parto de Antonella, a mais nova integrante da família. Ela nasceu no caminho para o hospital, amparada pela avó.

Com nove meses de gestação, e com previsão de nascimento para o domingo (16), Isadora começou a sentir dores e enjoos durante a noite de quinta-feira (13) e avisou aos familiares.
Como de costume em um final de gestação, o corpo começou a dar sinais mais firmes. Foi aí que, na manhã desta sexta-feira (14), que o trio decidiu se deslocar da localidade de Alto das Palmeiras, distrito de São Valentim, para o Hospital Casa de Saúde, há cerca de 20 quilômetros do local onde moram.
Márcia Dutra, mãe de Isadora, em contato com a reportagem do Diário, contou como foram os momentos que antecederam o parto que ela mesma fez.
- Nós moramos na mesma rua, então, eu passei para pegar ela em casa e saímos por volta das 7h30min. Durante o trajeto, enquanto eu dirigia, ela reclamava para mim e para o Antonio, dizendo que sentia muitas dores - relembrou.
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Faltando pouco mais de dois quilômetros para chegar no hospital, entre as curvas e o trânsito constante que dificultavam o percurso, Márcia ouviu de sua filha que não iria aguentar chegar à instituição e que o bebê iria nascer naquele momento. O trajeto, que tantas vezes foi rotina durante os últimos nove meses, ganhou outro significado. Cada sinaleira parecia mais longa, assim como cada quarteirão. Dentro do carro, porém, o tempo corria de outro jeito. A decisão do que devia ser feito estava nas mãos de Márcia.
- Ela comentou: “Mãe, tá nascendo, não vou aguentar chegar no hospital”, e eu buzinando, tentando ultrapassar todo mundo. Mas aí vi que não iria dar tempo e tive que encostar o carro - explicou.
Com o carro encostado, Márcia solicitou que o genro ligasse para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) enquanto ela ia fazendo os procedimentos iniciais.
- O Antônio passou as informações iniciais para o pessoal do Samu, e enquanto eles não chegavam, eu ia fazer o parto. Peguei uma água que tinha dentro do carro para limpar as mãos, uma toalha e uma sacola e começamos a fazer o trabalho. Foi rápido, logo após, nós esperamos a chegada do Samu, que levou a Isadora e a Antonella para o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) - relembrou a vó parteira.

Não houve sala de parto ou equipe médica, houve apenas a emoção do momento, chegando quando quis, abrindo caminho no improviso, lembrando que a natureza nem sempre segue o calendário. Após o parto, o atendimento chegou e levou Isadora e a nova integrante da família ao hospital, onde mãe e recém-nascido receberam atendimento e passam bem. Antonella nasceu com dois quilos e 892 gramas.
- Ela vai ser a nova xodó da família, vai receber todo carinho dos pais, do irmão Heitor, 3 anos, e já chega com uma história diferente - finalizou a avó.
